Neste artigo será dada a continuidade nas explicações sobre os componentes passivos da eletrônica. O componente da vez é o indutor, essencial em praticamente todos os circuitos.
Podemos encontrar o indutor em circuitos de sintonia de rádio AM e FM, nas fases de alimentação de uma CPU, GPU ou Chipset de placas-mãe e placas de vídeo, podemos encontra-lo em circuitos de sintonia de rádio Wi-Fi e Bluetooth (o indutor pode estar dentro de circuitos integrados!), bem como em relés e transformadores, bobinas de ignição de automóveis. Enfim, o indutor é essencial na eletrônica, seja ela analógica ou digital!
Os indutores são constituídos de uma bobina de fio condutor com um núcleo ferromagnético ou outro material propício. Existem também pequenos indutores em formato semelhante à resistores de cerâmica, que podem ser encontrados no formato axial ou SMD, sendo que o SMD é muito comum em placas de smartphones e outros circuitos compactos.
Abaixo, você vê a simbologia dos principais tipos de indutores:
Tabela 1 - Simbologia dos indutores
A simbologia de transformadores e outros dispositivos que funcionam com bobinas não será detalhada neste artigo.
Para entender o funcionamento do indutor, é necessário saber que a corrente elétrica é só um meio de propagação da energia. No momento que o circuito é fechado, ocorre instantaneamente um fluxo de corrente muito lento, porém, o campo eletromagnético estabelecido no circuito ocorre na velocidade da luz. Basta haver um condutor energizado, isto é, com fluxo de corrente para que se tenha uma campo magnético.
Para saber mais sobre intensidade de corrente elétrica, campo elétrico, condutores e isolantes, comece pela Unidade 1, lendo o artigo "Capítulo 1.0 - Condutores e Isolantes".
Continuando o raciocínio: Já que um simples pedaço de fio condutor não provoca o campo magnético desejado, é feito um enrolamento de fio cujo nome é indutor, que também é popularmente chamado de bobina.
Este fio é feito de Cobre na grande maioria dos casos. Ao circular uma corrente pulsante ou alternada sobre o enrolamento de fio condutor, temos a condensação de campo magnético, e consequentemente, armazenamento de energia na forma de campo magnético.
Imagem 1
O indutor armazena e filtra energia elétrica. Quando é aplicada uma corrente variável (alternada) no terminal do indutor, o campo magnético ao redor do fio varia, e conforme a variação deste campo, uma tensão é induzida em seus terminais (você verá mais complexidade à frente). Este fenômeno é conhecido como autoindução e isso tudo é explicado pela Lei de Indução de Faraday. Em resumo:
-> Todo indutor percorrido por corrente elétrica gera um campo magnético proporcional a essa corrente (seja ela contínua ou alternada);
-> Um indutor sob a influência de um campo magnético variável gera corrente elétrica proporcional a esse campo;
-> Quando uma corrente variável é aplicada em um indutor, gera campo magnético variável e este gera de volta uma corrente induzida (e consequentemente uma força contra-eletromotriz induzida) no próprio indutor;
-> Segundo a Lei de Faraday, essa contra-tensão induzida é diretamente proporcional ao número de espiras e a velocidade de variação do campo magnético.
Veja abaixo a representação de um indutor com linhas de campo eletromagnético em seu centro:
Imagem 2
CURIOSIDADE: O indutor possui a mesma característica do capacitor, isto é, ele armazena energia. A grande diferença está na forma com que o indutor faz isto:
-> O indutor armazena energia através de campo magnético,
-> O capacitor armazena energia condensando (retendo) cargas elétricas.
De forma resumida, um indutor armazena energia em forma de campo magnético em seu enrolamento através da circulação de corrente elétrica (pulsante ou alternada) pelas espiras de fio de Cobre. Este campo induz uma força contra-eletromotriz (FCEM), bem como corrente elétrica nos terminais do componente.
Imagem 3
Para saber a direção que o campo magnético está, devemos aplicar a regra da mão direita e notar o sentido em que a corrente elétrica flui pelo fio do enrolamento (polaridade do circuito). Lembre-se que a corrente elétrica flui do polo negativo para o positivo.
Esta técnica também pode ser aplicada para nos situarmos quando o objetivo de aplicação da bobina fôr criar um eletroimã.
Duas coisas que podemos observar em um indutor é que quanto maior a variação de corrente no enrolamento, maior será a FCEM em seus terminais, e qualquer variação brusca de corrente gerará um Potencial Elétrico infinito no mesmo instante.
Indutância e Reatância indutiva
Entender o conceito de indutância é fundamental para entendermos o funcionamento de um indutor.
Devemos começar o assunto por um termo um tanto quanto incomum: a anteriormente citada "força contra-eletromotriz", que trabalha em oposição à força eletromotriz (FEM, também chamada simplesmente de tensão elétrica) aplicada nos terminais de um enrolamento.
Segundo a Lei de Lenz, toda corrente induzida gera um campo magnético que se opõe à variação do campo magnético indutor (ou gerador, isto é, o campo provocado pela corrente que alimenta o componente).
-> Se o campo está aumentando no sentido norte, a corrente gera um campo norte também;
-> Se o campo diminui no sentido norte, a corrente gera um campo no sentido sul.
Esta corrente induzida provoca sempre a ação de frenagem, ou "resistência" ao aumento da corrente de alimentação da bobina. É aí que entra a chamada "força contra-eletromotriz".
Como o próprio nome sugere, força contra-eletromotriz é um potencial elétrico que age contra. Neste caso, é gerada pela bobina contra a corrente que a alimenta.
-> Num circuito com corrente contínua: Toda bobina trabalha com o princípio da ação e reação, ou seja, quando é colocada uma corrente elétrica nela, esta gera um campo magnético. O campo gera de volta na mesma bobina uma corrente induzida de polaridade inversa. A corrente da fonte encontra a corrente induzida e elas se subtraem.
Como consequência, a corrente de alimentação vai demorar algum tempo para atingir seu valor máximo, até que o campo magnético se estabilize, ou seja, deixe de oscilar e a força contra-eletromotriz deixe de existir.
Quando o circuito já está ligado a algum tempo, o campo magnético está estável, não gerando nenhuma corrente e consequentemente não há força contra-eletromotriz. A corrente da fonte é limitada somente pela resistência ôhmica do fio da bobina.
-> Num circuito com corrente alternada ou pulsante: a corrente varia seu valor constantemente, o campo magnético gerado acompanha essa variação e a força contra-eletromotriz está presente o todo tempo, agindo contra a corrente da fonte.
É aí que chegamos: Neste caso, além da resistência elétrica (medida em Ohms) do fio da bobina, é contabilizada também a resistência dinâmica, conhecida como reatância indutiva (xL), que se somam. Esta reatância indutiva faz com que demore um determinado tempo para que a corrente máxima de alimentação (seja ela alternada ou pulsante) se estabeleça na bobina.
Em resumo, a indutância é a tendência que um condutor têm de se opor a uma mudança na corrente elétrica que flui por ele. Ou seja, a indutância, medida pela unidade Henry (simbolizada por "H"), é a mensuração desta força Contra-eletromotriz, que também provoca uma resistência indutiva, mais conhecida como reatância indutiva.
CURIOSIDADE: Este atraso na aplicação da corrente máxima de alimentação pode acontecer em qualquer bobina, seja ela de um relé, seja de um eletro-injetor de combustível (bico-injetor)...
Toda bobina que trabalhe com corrente alternada ou pulsante terá a reatância indutiva se manifestando a cada alternância de polaridade ou a cada pulso. Já num sistema onde a bobina opera com corrente contínua, com o desligamento do circuito o campo magnético se desfaz. Porém, de acordo com a Lei de Lenz, uma corrente será gerada e a polaridade da tensão será oposta à da fonte.
Como o campo magnético “some” muito rapidamente, a tensão gerada neste momento é muito grande (Lei de Faraday).
É aqui que se mostra a necessidade da utilização de um diodo em anti-paralelo (ou diodo de roda-livre) com a bobina de um relé para consumir essa energia e evitar que o dispositivo de manobra, geralmente um transistor bipolar, seja destruído com a alta tensão. Ou seja, este diodo é montado com o objetivo de evitar que pulsos de tensão negativa fluam para outros componentes. É uma maneira de se evitar uma espécie de “avalanche” na forma de tensão aplicada em sentido oposto, o que, para um sistema formado por semicondutores, ocasionaria graves consequências a médio e longo prazo.
Para entender as fórmulas matemáticas que iremos apresentar ao longo deste texto, você deve saber que a unidade de medida padrão do SI para quantizar a indutância é o Henry, abreviado pela letra "H".
Abaixo, você vê a tabela com os prefixos do Henry:
Tabela 2 - Prefixos do Henry
Quando a corrente elétrica que passa pela bobina for 1 Ampére e a Tensão 1 Volt, a indutância será de 1 Henry.
Observe a fórmula abaixo:
Onde:
> V é a Tensão, em Volts (V);
> L é a Indutância, em Henry (L);
> Δi/Δt é a variação da corrente em um dado período de tempo.
A indutância é um valor que surge a partir das dimensões e características da bobina. Devemos dimensiona-la para saber que indutância terá, e a partir dai calcular a energia que ela irá armazenar e o efeito que este enrolamento fará no circuito.
Entre as características e dimensões estão:
-> Diâmetro da espiral;
-> Área abrangida por uma espira ou área da secção transversal do núcleo;
-> Quantidade de espiras (quantidade de "voltas" do fio para formar o enrolamento);
-> Comprimento da bobina;
-> Permeabilidade magnética do núcleo;
-> Características do fio de cobre utilizado (diâmetro e comprimento).
Pra finalizar o assunto "reatância indutiva"...
CURIOSIDADE: A reatância, seja ela indutiva ou capacitiva, tem como unidade de medida o Ohm (simbolizado por Ω). A reatância indutiva de um indutor aumenta proporcionalmente com a frequência (medida em Hertz), portanto, um indutor conduz menos corrente para uma dada tensão alternada aplicada à medida que a frequência aumenta. Como a tensão induzida é maior quando a corrente está aumentando, as formas de onda da tensão e da corrente estão fora de fase, defasados em 90°. Você vê mais sobre este assunto no Capítulo 2 desta série sobre indutores, basta CLICAR AQUI!
Mas e o "miolo" do indutor? É só um enrolamento de fio mesmo?
Indutores podem ter um núcleo, isto é, o fio de cobre pode ser enrolado em um material que concentra mais o fluxo magnético (as linhas de força deste campo) produzido pelo fluxo da corrente elétrica, e isso traz benefícios para o funcionamento geral da bobina. É o que veremos na sequência.
Um indutor também pode ter o núcleo de ar, isto é, não há nada em seu "miolo", é literalmente uma espiral de fio de Cobre.
Como foi dito, a função do núcleo do indutor é concentrar o fluxo magnético no componente, sem ter chance de "espalha-lo", o que pode ocasionar interferência no funcionamento de outros componentes do circuito e até mesmo uma maior dissipação de energia elétrica, além do mais, um núcleo permite armazenar mais energia em forma de campo magnético. O vídeo abaixo explica bem...
Vídeo 1 - Complemento de conteúdo retirado do canal do You Tube do Professor Bairros
E se tirarmos o núcleo do indutor?
Vídeo 2 - Mais um complemento de conteúdo retirado do canal do You Tube do Professor Bairros
Placas-mãe de desktop, notebook e placas de vídeo mais novas possuem bobinas cobertas com o mesmo material do núcleo (normalmente é ferrite), tornando o isolamento do componente mais eficaz. Estes indutores são fáceis de identificar: são pequenas "caixinhas" na placa. Veja a imagem abaixo:
Imagem 4 - Observe os indutores "1R2" entre os capacitores CPA
Abaixo, indutores de ferrite com a bobina completamente escondida (as caixinhas):
Imagem 5
Na sequência, você a imagem de um indutor com núcleo de ar:
Imagem 6
Abaixo, você vê vários modelos de indutores com núcleo de ferrite:
Imagem 7
Existem também indutores toroidais, em que a única diferença é o formato físico do núcleo. Veja a imagem de um indutor toroidal abaixo:
Imagem 8
No mesmo núcleo de um indutor toroidal podem haver vários enrolamentos de fio de Cobre. O indutor toroidal da Imagem 8 possui apenas um enrolamento (são apenas dois terminais por enrolamento). Estes indutores são comuns em fontes de alimentação ATX de computadores de mesa, além de vários outros equipamentos.
Nos artigos seguintes desta Unidade são mostrados os diferentes materiais que podem ser utilizados num núcleo de indutor. O ferrite é apenas um deles. As bobinas mostradas nas imagens acima também podem ter versões com núcleo de aço-elétrico ou pó de ferro.
As características do núcleo
A capacidade de um capacitor armazenar energia vem da tensão aplicada em seus terminais, já num indutor a capacidade de armazenar energia vem da força magnetomotriz do componente, que é dada pela fórmula abaixo:
Onde:
> F é a Força magnetomotriz, dada em A/e (Amperes por espira);
> n é o número de espiras;
> i é a Corrente elétrica que passa pelo indutor, dada em Amperes (A).
Temos também o campo H, que é a intensidade do campo magnético da bobina. Para calcularmos estes valores, devemos saber o comprimento do núcleo e sua força magnetomotriz. O campo H é diretamente proporcional a força magnetomotriz e será sempre o mesmo se mantivermos a quantidade de espiras e a mesma corrente elétrica. Veja a fórmula abaixo:
Onde:
> H é o Campo H (intensidade do campo magnético da bobina), em Amperes por metro (A/m);
> F é a Força magnetomotriz, dada em A/e (Amperes por espira);
> l é o comprimento do núcleo (dado em metros).
OBSERVAÇÃO: Não confundir o campo H com a unidade de medida Henry, que também é simbolizada pela letra "H".
O campo induzido B depende do material utilizado como núcleo do indutor. Este campo não faz o campo H variar. O campo B só vai variar se colocarmos outro núcleo com permeabilidade magnética diferente. Veja a fórmula abaixo:
Onde:
> B é o Campo B (concentração do campo magnético da bobina), que possui como unidade de medida o Tesla (T);
> π vale 3,1416;
> H é o Campo H (intensidade do campo magnético da bobina), medido em Amperes por metro (A/m).
Podemos observar que, o campo induzido B aumenta de acordo com o campo H, porém chega um momento em que mesmo aumentando o campo H, o campo B para de aumentar, e este é o momento em que o material atinge sua saturação magnética. O ponto de saturação magnética depende do material utilizado no núcleo do indutor.
Veja o gráfico abaixo:
Gráfico 1 - Saturação magnética do indutor
Num indutor em que o núcleo seja algum material ferromagnético, quando a energia que passa pelo enrolamento de fio é cessada (como foi dito, indutores só funcionam com corrente alternada), o campo magnético e a indução magnética não são interrompidos no mesmo instante, isto pois o material ferromagnético retém um pouco do magnetismo após a corrente ser cortada. Este magnetismo retido vai induzir uma corrente elétrica no sentido oposto a corrente aplicada no indutor, o que significa que indutores armazenam energia após seu desligamento. Veja mais no tópico "Histerese Magnética".
A energia em um indutor é armazenada em seu fluxo magnético, que depende do campo B e área da secção transversal "A" do núcleo. Como assim?
Veja a imagem abaixo para entender o que é secção transversal:
Imagem 9
Para descobrir a secção transversal, você deverá saber o raio do cilindro do núcleo e calcular a área utilizando a fórmula matemática apresentada no tópico "Calculando", lá no final deste texto, onde mostramos as fórmulas para calcular pequenos indutores caseiros.
A fórmula que utilizamos para calcular o fluxo magnético é dada a seguir:
Onde:
> Ø é o Fluxo magnético, que possui como unidade de medida o Weber (Wb);
> B é o Campo B (concentração do campo magnético da bobina), medido em Tesla (T);
> A é a Área da secção transversal do cilindro do núcleo.
O Formato do núcleo
O formato do núcleo também influência no funcionamento do indutor. Observe o desenho abaixo:
Imagem 10
Perceba que dois dos formatos de núcleo possuem um corte, sendo nada mais que uma técnica para a atenuação de correntes parasitas, como vemos neste vídeo:
Vídeo 3 - Como as correntes de Foucault agem atraindo até mesmo um metal não-ferroso, e como reduzi-las
Em geral, transformadores e motores utilizam finas chapas de Aço-Silício empilhadas para formar o núcleo. Levando em conta que são várias as chapas e cada uma possui um revestimento, isso gera descontinuidades e aumento da resistência elétrica, reduzidno as correntes parasitas, ou seja, a técnica de fazer um corte no núcleo não é a única para reduzir este problema.
CURIOSIDADE: Para saber mais sobre o Aço-Silício, seus revestimentos e como são empilhadas as chapas, CLIQUE AQUI!
Para calcular o comprimento do núcleo, devemos medir seus lados ou sua circunferência (caso ele seja do tipo toroidal) levando em conta o centro do núcleo, onde está localizado "o principal" do fluxo magnético. Observe as linhas vermelhas no desenho acima para entender melhor.
A relutância de uma bobina é quando relacionamos o fluxo magnético com a força magnetomotriz.
Perceba as semelhanças:
-> A força magnetomotriz "F" (medida em Ampere por espira - A/e) é equivalente a tensão elétrica (medida em Volts - V);
-> A relutância "ℜ" (medida em Ampere por Weber - A/Wb) é análoga a resistência elétrica (media em Ohms - Ω);
-> O fluxo magnético "Ø" (Medido em Webers - Wb) é análogo ao fluxo elétrico (medido em Volts x metro - V.m).
Portanto, podemos concluir que a força magnetomotriz, relutância e fluxo magnético são utilizadas em circuitos magnéticos e equivalem as grandezas elétricas tensão, resistência e ao fluxo elétrico utilizadas em circuitos elétricos. A relutância oferecida pelo material utilizado no núcleo do indutor é dada pela fórmula:
Onde:
> ℜ é a relutância, em Ampére por Weber (A/Wb);
> μ é a permeabilidade magnética do material utilizado no núcleo (capacidade do material de concentrar o campo magnético);
> A é a Área da secção transversal do cilindro do núcleo.
CURIOSIDADE: O inverso da relutância é chamado de permeância magnética. Assim como a relutância é análoga a resistência elétrica, a permeância é análoga a condutância elétrica.
Para calcular a permeância magnética (P), utiliza-se a fórmula:
Outras formas de calcular a Relutância, força magnetomotriz e fluxo magnético são dadas abaixo:
Note que as três fórmulas seguem a mesma lógica para cálculo de tensão, corrente e resistência elétrica.
Chegamos na fórmula para saber a indutância da bobina.
No capacitor relacionamos a tensão com a carga elétrica acumulada e chamamos isso de capacitância. Já no indutor, relacionamos a corrente com o fluxo magnético e temos a indutância. Observe a fórmula abaixo:
Onde:
> L é a Indutância, em Henry;
> n é o número de espiras da bobina;
> Ø é o Fluxo magnético, medido em Webers (Wb);
> I é a Corrente elétrica, medida em Amperes (A).
A energia armazenada num indutor é dada pela fórmula abaixo:
Onde:
> E é a energia armazenada, medida em Joules (J);
> L é a Indutância, medida em Henrys (H);
> i é a Corrente elétrica, medida em Amperes (A).
Sobre a permeabilidade magnética do núcleo, devemos calculá-la levando em conta a permeabilidade magnética do vácuo e a permeabilidade relativa do material em questão:
Onde:
> μ é a Permeabilidade magnética do núcleo;
> μr é a Permeabilidade relativa do material usado na confecção do núcleo;
> μO é a Permeabilidade magnética do vácuo.
OBSERVAÇÃO: A permeabilidade magnética é medida em Henrys por metro (H/m).
Veja abaixo a permeabilidade de alguns materiais ferromagnéticos e também a permeabilidade do ar:
Tabela 3 - Permeabilidade magnética de alguns materiais
Lembre-se que estes utilizados em indutores são materiais ferromagnéticos (exceto o ar). Existem os paramagnéticos e os diamagnéticos que vamos ver em artigos futuros, quando falarmos mais sobre magnetismo.
Ainda falando sobre permeabilidade, a permeabilidade magnética também pode ser entendida como a capacidade de um material de se magnetizar quando aplicado uma força magnetomotriz sobre ele. Todo material possui um nível máximo de magnetização, e quando este valor máximo for atingido o material vai se estabilizar, não importando se for aplicado um valor de corrente elétrica a mais em seus terminais.
Histerese magnética
O magnetismo de um material pode continuar após cessar a força magnetomotriz e, para desmagnetiza-lo devemos aplicar uma força magnetomotriz contrária com a mesma intensidade. Este fenômeno é chamado de Histerese magnética.
Veja abaixo o gráfico com a curva de histerese:
Gráfico 2 - Histerese magnética
Quando a bobina é energizada pela primeira vez no circuito, B e H estarão no ponto "0" do gráfico. Após a energização da bobina, B e H vão aumentar em direção a "a" pela linha pontilhada. No momento em que o indutor em questão chega a "a" ele atinge a saturação magnética. Neste ponto de saturação, quando a corrente for cessada, o enrolamento começará a descarregar indo em direção a "b" e estará completamente descarregado quando chegar no ponto "c".
Caso a bobina esteja num circuito de tensão alternada, a corrente começará a fluir no sentido oposto, fazendo com que B e H sigam em direção a "d". Quando a corrente for cortada novamente, B e H vão ir para o ponto "e" e chegarão no ponto "f" quando a bobina se descarregar completamente. Neste momento a bobina volta se carregar e a ir em direção a "a". Todo este processo fica se repetindo enquanto o circuito estiver em funcionamento.
Quanto maior a área da curva de histerese, mais energia será desperdiçada em forma de calor. É por este motivo que bobinas esquentam.
As chamadas "perdas por histerese" nada mais são do que o calor gerado pelo atrito dos dipolos magnéticos ao mudar sua orientação de norte para sul a cada semi-ciclo da corrente alternada.
Procure sempre por bobinas com a menor área possível da curva de histerese pois elas tendem a armazenar mais energia com menos perdas. O aço-silício (também chamado de aço elétrico) possui menos perdas que o ferrite, e o ferrite possui menos perdas que o ferro. Materiais com menos perda tendem a ser um pouco mais caros.
Podemos dizer que quanto maior o ponto de saturação e quanto menor a perda, melhor é a bobina.
Para calcular pequenos indutores com núcleo de ar que não possuem um comprimento de 1,5 vezes maior que o diâmetro, podemos utilizar as fórmulas dadas abaixo:
Ou
Onde:
> n é o Número de espiras;
> L é a Indutância desejada, medida em Henry (H);
> C é o Comprimento do enrolamento, dado em centímetros (cm);
> S é a Área abrangida por uma espira, em cm²;
> 1,256 é Constante da fórmula.
> 10^8 é constante da fórmula;
> 10^-8 é constante da fórmula.
Para determinar a área abrangida, deverá saber o raio da espira:
Agora aplique na fórmula abaixo:
Onde:
> π vale 3,1416;
> r é o raio da espira;
> S é a Área abrangida por uma espira, em cm²;
Para calcular indutores com núcleo, você deverá saber a permeabilidade magnética do material que vai ser utilizado como núcleo.
Aplica-se a mesma fórmula matemática para indutores sem núcleo, só que adiciona-se o valor da permeabilidade magnética do material que vai ser utilizado no núcleo. O símbolo que representa essa permeabilidade é o "μ".
Outra fórmula mais simples para indutores com núcleo pode ser utilizada, e ela é dada abaixo:
Os símbolos utilizados nesta fórmula matemática são os mesmos das outras fórmulas, só que inclui-se a intensidade do campo magnético, simbolizado pela letra "M"
Lembrando novamente que utilizamos estas fórmulas para calcular pequenos indutores artesanais.
Resumindo:
-> A corrente elétrica é o meio de propagação da energia elétrica através de um condutor. O fluxo de elétrons é demasiadamente lento, porém o campo eletromagnético se estabelece na velocidade da luz no momento em que o circuito é fechado. Um indutor é um enrolamento de fio condutor justamente para maximizar esse campo magnético gerado ao redor do fio. O indutor pode ter várias espiras. O indutor também é chamado de bobina;
-> Um indutor pode ter núcleo de ar ou um núcleo preenchido com um material ferromagnético, sendo geralmente Ferro, Ferrite ou Aço-Elétrico (também chamado de Aço-Silício). É no núcleo onde há a concentração das linhas de campo magnético geradas pelo fluxo de corrente oscilante no enrolamento de fio. No caso de um indutor com núcleo de ar as linhas de campo ficam mais dispersas no espaço;
-> O Campo Magnético ocorre com o fluxo de cargas elétricas (corrente elétrica), já o Campo Elétrico (também chamado de Força Eletromotriz ou Potencial Elétrico) é ocasionado por cargas elétricas. Aplicando-se uma corrente elétrica variável (alternada), o Campo Magnético que surge na bobina varia também e isso induz um Potencial Elétrico contrário (FCEM), bem como uma corrente elétrica contrária nos terminais da bobina. Este é um fenômeno conhecido como autoindução e explicado pela "Lei de Indução de Faraday";
-> Complementando o tópico acima, esta corrente induzida trabalha em oposição à corrente de alimentação aplicada no indutor, portanto, além da energia sofrer com a resistência ôhmica do fio condutor, haverá a reatância indutiva (xL), uma resistência dinâmica característica das bobinas.
-> Quando se trata de bobinas, a indutância (L), medida em Henrys (H) é um fator fundamental. A indutância nada mais é que a oposição do meio à uma variação de corrente elétrica, ou seja, é diretamente relacionada com a tal força contra-eletromotriz (FCEM). Quando a corrente elétrica for 1 Ampere e a Tensão elétrica for 1 Volt, haverá 1 Henry de indutância;
-> A Força Mangnetomotriz "F" (medida em Ampére por espira - A/e) é diretamente proporcional ao Campo H (medido em Amperes por metro - A/m), que é a intensidade do campo magnético na bobina. A Força Magnetomotriz (abreviada por FMM) é EQUIVALENTE a Força Eletromotriz (Abreviada por FEM, também chamada de Potencial Elétrico - simbolizado por "U" - e que é medido em Volts - V);
-> O Campo B (medido em Tesla - T - ou Gauss - G) é a concentração (densidade) do campo magnético (ou indução magnética) na bobina. Ele está diretamente atrelado ao material utilizado no núcleo da bobina e não faz o Campo H variar.
-> O Campo B aumenta de acordo com o Campo H até o momento de saturação magnética do material do núcleo;
-> O material ferromagnético retém um pouco do magnetismo após a corrente ser cortada, induzindo uma corrente elétrica no sentido oposto ao da corrente aplicada no indutor;
-> Além do material utilizado, o formato físico do núcleo influência muito nas características do indutor. Além de termos a Força Magnetomotriz "F", temos também o Fluxo Magnético "Ø" (medido em Webers - Wb), a Relutância Magnética "ℜ" (medida em Ampere por Weber - A/Wb) e a Permeância Magnética "P", que é o inverso da Relutância.
-> A Relutância Magnética "ℜ" é análoga a Resistência Elétrica, assim como a Permeância Magnética "P" é Análoga a Condutância Elétrica "G". Com isso podemos concluir que a Relutância Magnética é a oposição de um meio à magnetização, e a Permeância é o quão magnetizável o material é;
-> O Fluxo Magnético "Ø" (também simbolizado por "ΦB") é análogo ao Fluxo Elétrico "ΦE". Com isso podemos concluir que o Fluxo Magnético é o número de linhas de campo de indução magnética que atravessam um meio. No caso de uma bobina é o número de linhas de campo que se concentram no núcleo do indutor. O Campo B é a densidade de Fluxo Magnético.
-> A Permeabilidade Magnética "μ" é uma constante de proporcionalidade que depende do material utilizado na fabricação do núcleo do indutor e também do campo magnético aplicado. Resumidamente é a capacidade com que um material tem de ser magnetizado quando aplicado uma Força Magnetomotriz "F" sobre ele. A permeabilidade Magnética é medida em Henrys por metro (H/m);
-> A histerese é a capacidade de um sistema de conservar suas propriedades quando o estímulo que as gerou é cessado. No caso de um indutor, é a capacidade de conservar (armazenar) energia quando a tensão / corrente é cortada;
-> O gráfico de Histerese Magnética mostra a curva de carga e descarga de um indutor. Quanto maior a área entre a curva de carga e descarga, maior é a energia elétrica dissipada em forma de calor.
-> As perdas por histerese ocorrem em decorrência do atrito gerado na mudança de orientação norte e sul dos dipolos magnéticos a cada semi-ciclo da corrente alternada.
Estas foram apenas algumas informações sobre o indutor. Se quiser saber um pouquinho mais sobre o assunto, acesse este PDF sobre eletricidade e magnetismo.
Se você ficou com alguma dúvida, entre em contato pelo e-mail hardwarecentrallr@gmail.com. Não deixe de curtir e compartilhar nas redes sociais!
FONTES e CRÉDITOS
Texto, fotos, gráficos e tabelas: Leonardo Ritter
Fontes: Instituto Newton C. Braga; EletronPI; BrasilEscola; Mundo da Elétrica; InfoEscola; Livro "Eletronica Para Autodidatas, Estudantes e Técnicos" de Gabriel Torres; Wikipedia (somente artigos com fontes verificadas!).
Ultima atualização: 11 de Novembro de 2024.